Fake News! Há 10 pessoas entre você o Kevin Bacon. E elas podem estar mentindo.

Há 10 pessoas entre você o Kevin Bacon. E elas podem estar mentindo.

O que o grupo de zap da sua família tem a ver com o ator Kevin Bacon e a disseminação de fake news no mundo? Fica aqui que eu te conto.

Em 1967, o sociólogo americano Stanley Milgran publicou um estudo chamado “The Small World Problem“, “O problema do ‘- que mundo pequeno, hein?'”. Ele propõe que entre duas pessoas quaisquer em diferentes partes do mundo haverá entre 2 e 10 intermediários, o que ele chama de cadeias (chains). A partir deste conceito, os desenvolvedores Brett Tjaden e Patrick Reynolds criaram o site The Oracle of Bacon, que consegue mostrar as ligações entre o ator Kevin Bacon e outras celebridades de Hollywood nos filmes em que possam ter trabalhado juntos.

Acontece que as redes sociais também reproduzem a lógica descrita no estudo, permitindo que informações sejam rapidamente disseminadas através de compartilhamentos, obtendo penetração e capilaridade através das cadeias formadas pelas conexões dos usuários. Ainda que esses usuários pertençam a bolhas diferentes, o próprio Milgram considera que seu estudo poderia esclarecer os pontos de interseção entre diferentes grupos sociais, ou seja, as informações veiculadas nas redes também “furam as bolhas”, perspassando-as através de usuários que fazem essa interseção.

Em geral, os usuários de mensageiros instantâneos e redes sociais estão conectados aos seus familiares, amigos e pessoas queridas, de modo que na falta de um repertório técnico que permita ao usuário verificar a autenticidade e a relevância de uma informação no seu feed, o faz baseado em critérios subjetivos e afetivos, criando um viés de confirmação. Sua avó te ama, é claro. Quando ele diz que a vacinação da população brasileira é uma conspiração do globalismo mundial pra ver a sua bunda, você acredita. Por conta disso, esses meios digitais permitem alta escalabilidade na reprodução e compartilhamento dos conteúdos e alta capilaridade em sua difusão. Com maior acesso das camadas populares a aparelhos celulares e planos pré-pagos, o terreno está fértil para a disseminação das fake news.

Algumas estratégias poderiam ser implementadas para para a conter a disseminação de notícias falsas sem impedir o direito de livre expressão, como a obrigatoriedade do registro de desenvolvedores e aplicativos que utilizem as API’s de integração com redes sociais, para o disparo de mensagens em massa, inclusive, facilitando a responsabilização pelo abuso no uso da ferramente.

Outra possibilidade seria a ampla oferta de checagem de notícias compartilhadas a partir de outros sites: o Google indexa todo o conteúdo da Web e poderia identificar fake news com um algoritmo de cruzamento e combinação de palavras-chave, podendo passar essa informação diretamente para a rede social no momento do compartilhamento.

Os impulsionamentos poderiam ter uma limitação de alcance a não ser que fossem feitos por empresas devidamente registradas na plataforma. A sociedade civil, por sua vez, deveria ser incentivada a denunciar veículos que promovam desinformação, principalmente se cometem crime contra a honra como injúria, calúnia e difamação, com a obrigação de retirar a notícia falsa da rede e publicar mensagens de reparação com impulsionamento no valor suficiente para ter o mesmo alcance das mensagens falsas que foram disseminadas.

O ator na foto em destaque, a propósito, é o Brad Pitt.

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